segunda-feira, 18 de julho de 2011

Futebol e gravata

Quando o técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Mano Menezes começou a aparecer nos estádios de terno e gravata, chegou a dar arrepios. Primeiro, porque essa peça da vestimenta efetivamente não combina com ambientes esportivos. Segundo, porque nos traz à (triste) memória de Wanderley Luxemburgo, o técnico engravatado que emporcalhou a imagem da Seleção e do próprio futebol brasileiro com seus trambiques.
A gravata vem caindo em desuso nos próprios ambientes onde é usada desde quando surgiu como parte da indumentária formal. Foram os mercenários croatas (os “cravates”) levados por Luis IV e o Cardeal Richelieu na década de 1630 para defender seu regime, na França, que, por causa do frio, davam um nó em seus cachecóis e despertaram a simpatia da realeza francesa. Virou moda com o nome de cravat e ficou.
Em países tropicais nem se justifica o uso desse adereço. Mas, por influência do colonialismo, a burguesia tupiniquim aderiu ao hábito e a moda foi ficando. Muitas vezes, por imposição.
Eu mesmo, quando vou ao Congresso Nacional, em Brasília, levo uma no bolso, por precaução. É que, em horas de sessão da Câmara ou do Senado, há lugares em que o acesso depende da gravata. Uma bobagem que, pelas previsões, está com os dias contados, mas que ainda vigora.
Muitos chefes de estado ou de governos ocidentais têm abolido o uso da maldita gravata em muitas ocasiões. Até mesmo em alguns momentos onde, pela tradição, seu uso seria justificável. Inclusive liderança conservadoras, como George Bush, por exemplo. Mas, são muitos os exemplos, basta prestar atenção para comprovar.
Agora, em ambientes esportivos, a gravata vira coisa estranha. Não combina de jeito nenhum. Mais do que isso, cria um ar de prepotência, arrogância, que não nada tem a ver com uma seleção de futebol de um país tropical, abençoado por Deus, bonito por natureza, com muita alegria, calor e despojamento.
O Mano Menezes que a gente conhece desde antes de sua passagem pelo Corinthians era um sujeito solto, espontâneo, sempre sorridente. O atual é sisudo, custa dar um sorriso, e, o que é o mais grave: engravatado! Tomara que não seja influência do dono da Seleção, o trambiqueiro-mor e presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira.
Se isso tem ou não algo a ver com a eliminação do Brasil na Copa América, é difícil saber. O certo é que Mano mudou. E a nós, agora, resta torcer pela Venezuela, seleção de um país onde nem o presidente da República usa gravata.

Nenhum comentário:

Postar um comentário